Domingos Varela
A Madeira com paixão
Estuda no Colégio Inglês, em Lisboa.
O liceu é feito no Colégio São João de Brito, igualmente na
capital. Mais tarde, cursa económicas, no Instituto Superior de
Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF). Mas não se dá bem com aqueles ares.
Faz três ou quatro cadeiras e procura outro rumo para a sua
vida. Decide trabalhar.
por: Paulo Camacho
por: Paulo Camacho
Começa numa empresa com ligações à
África. Por lá fica cerca de um ano e meio, num gabinete técnico
de engenharia.
Posteriormente, Domingos Varela passa
para a CUF, em Lisboa. Trabalha na contabilidade. Ali fica dois anos
e meio.
Entrada na TAP
Em 1963 entra para a companhia de
aviação TAP. Passa a trabalhar na publicidade.
Um ano e meio
depois de começar na companhia, as pessoas que lideram o serviço
saem. Domingos Varela fica com o encargo de dirigir o sector. Por ali
fica algum tempo. Estabelece um bom relacionamento com as agências
de publicidade da altura.
Secção de Turismo
Tempos depois é convidado para
montar uma secção de Turismo na TAP. O trabalho dá origem a um
manual distribuído pelos escritórios da transportadora. Proporciona
aos agentes de viagens em cada mercado um conhecimento pormenorizado
do país. É a desenvolver este trabalho que vem, em 1967, à
Madeira.
A companhia pretende toda a informação sistematizada de
tudo quanto pode ser oferecido ao turista que visite a ilha, desde
museus a tudo o mais de interesse, numa altura em que não existe
muita informação.
Na Madeira, o trabalho é feito através dos
contactos com os presidentes das diversas câmaras municipais.
O
trabalho resulta num manual global traduzido em três línguas:
inglês, francês e alemão.
A 1.ª vez na ilha
A primeira vez que vem à Madeira é
num curso. Inclui-se num grupo de 30 pessoas que, como prémio,
viajam até à Região. O avião que o traz, durante o dia, realiza
treinos para as tripulações. A dada altura o avião avaria e
Domingos Varela tem de pernoitar na ilha.
Mais tarde, vem à
Madeira passar uns dias de férias com a esposa. Fica hospedado no
Savoy.
É então que regressa à ilha, em 1967, juntamente com um
colega, para fazer o tal levantamento do Turismo.
Depois deste
trabalho, passa para os agentes gerais. Uma altura em que a
companhia, na sua estratégia de “marketing”, começa a querer
penetrar em mercados onde não tem escritórios. Isso leva-o a
percorrer vários países. Trabalha com a Grécia, Israel, Austrália,
Hong Kong e Macau.
Simpatia de Jardim
Um dia é convidado a vir para a
Madeira, com a função de delegado da empresa. Considera que será a
parte mais enriquecedora do tempo em que permanece na TAP.
Encontra
na Madeira um ambiente de grande simpatia dos madeirenses perante a
transportadora.
Inicia a função de delegado da companhia em
Fevereiro de 1987. Por aqui fica até igual mês de 1990.
Apercebe-se
de alguns problemas que existem.
Diz ter da parte do ministro da
República, Lino Miguel, e do presidente do Governo Regional, Alberto
João Jardim, uma simpatia grande.
Durante o período em que aqui
está defronta-se com alguns problemas no interior da empresa.
Sobretudo no aeroporto, com determinados colaboradores a pisarem o
risco. Ao mesmo tempo, sente pena dessas pessoas. Isto porque se
assume como alguém que sempre gosta de ajudar e facilitar. Sem
deixar abusar.
O negócio de Pestana
Nos três anos que aqui está,
realiza-se um jantar de aniversário da Air Atlantis, na Madeira.
Decorre na Quinta Magnólia.
Julga que, de forma ocasional, acaba
por fazer o negócio de Dionísio Pestana com a TAP, com a sua
entrada no capital da Air Atlantis. Isto porque na mesa principal, à
última da hora, falta uma entidade. E a única pessoa que se lembra,
até porque ainda está solteiro, é o hoteleiro. Fica junto ao
presidente da Air Atlantis. A partir daí julga que tudo se
conjuga.
Visita ao Papa
Durante a sua passagem, recorda uma
ida a Roma, idealizada pelo secretário regional do Turismo, na qual
vão jornalistas da Madeira. Nessa viagem proporciona-se uma visita
ao Papa João Paulo II. E uma recepção na embaixada portuguesa na
capital italiana.
Domingos Varela, em nome da administração da
TAP, oferece uma colecção de medalhas dos aviões da transportadora
nacional.
Na passagem pela Madeira tem ocasião de fazer
alguns voos inaugurais. Um é para Londres, em Janeiro de 1990. É
num dia em que apanha um grande temporal, com os demais aeroportos da
Europa encerrados, e com muitos convidados a bordo. Aterra. Mas é o
último aparelho a chegar a terra. Outro voo inaugural é para
Paris.
Uma outra viagem, promocional, pelo ano 1989, leva uma
comitiva de agentes de viagens a São Miguel. Vão igualmente
jornalistas, onde nos incluímos.
Recorda ainda um concurso feito
na Madeira, inédito, que culmina com o baptismo de voo para 20
crianças madeirenses, numa viagem de ida-e-volta a Lisboa, com uma
visita ao Jardim Zoológico e à Torre de Belém e passagem de uma
noite num hotel da capital.
Médio Oriente
Cumpridos os três anos, regressa a
Lisboa. Durante igual período, fica à frente dos serviços dos
agentes gerais. Tem contactos com muitos mais países, para alargar
mercados, um projecto que tinha ficado um pouco em “stand by”
enquanto está no Funchal. As viagens são, sobretudo, ao Médio
Oriente. Vai ao Barhein, Kuwait, onde está 15 dias antes da invasão,
nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, onde já existem
agentes gerais. O Líbano está na agenda algumas vezes, mas não
chega a ir.
A pré-reforma
A dada altura entende que está na
hora de se aposentar. Aproveita o programa proposto pela TAP das
pré-reformas e, com 55 anos sai da transportadora, a 31 de Dezembro
de 1993. Hoje não se arrepende do que fez.
Daí para cá não
mais trabalha. Apenas coordena alguns assuntos familiares.
Regresso
para viver
Mas a estada dos únicos anos que
passa fora de Lisboa deixa marcas. Conhece muita gente na Madeira. E
deixa grandes amizades.
Sente-se em Lisboa sem nada para fazer.
Nem os amigos da Madeira. Além disso, para se deslocar a qualquer
lugar demora horas.
Domingos Varela corre o risco de fazer uma
vida demasiado caseira para o seu gosto.
Um dia vem à Madeira ao
casamento da filha do presidente Alberto João Jardim, Cláudia. É
então que surge a pergunta: «E se ficássemos a viver por cá?».
A
vontade do casal é coincidente. Procura casa. Primeiro vive num
apartamento nos Ilhéus, durante três ou quatro anos. Depois muda-se
para uma casa mais no centro da cidade.
Desloca-se com muita
frequência a Lisboa.
O “bridge” e o jardim
No domínio dos hobbies, Domingos
Varela gosta de “bridge”. Contudo, na Madeira, ainda não entrou
no circuito, apesar de conhecer muita gente que joga. Sabe que, se
tivesse uma pessoa que entrasse consigo, seria mais fácil.
Além
disso, na Madeira, como tem um jardim, é raro o dia que não lhe
dedica um pouco do seu tempo.
Gosta igualmente de viajar, mas
considera que já conhece muito. Daí não colocar como prioridade
viajar.
Hoje tem nos seus planos ir a Moscovo, de barco. Chega a
estar previsto para este ano, mas fica adiado.
A nível de
leituras lê muitos jornais e revistas. Tem um gosto especial pelo
desporto. Não lê revistas da especialidade relacionadas com a
aviação. Se vierem notícias na imprensa generalista, lê.
Em
relação às novas tecnologias, não se sente muito atraído pelos
computadores, Internet e correio electrónico. Considera que passa
pelo tempo de transição e não se conjuga apreendê-las.
Quando
trabalha, sempre fez como norma não deixar acumular o trabalho.
Procura manter sempre toda a actividade em dia.
Uma curiosidade,
Domingos Varela tem ligação familiar à Madeira. O pai é
madeirense, dos Varelas da Ponta do Sol.
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