António Egidio Henriques de Araújo
O eng. dos sete ofícios
António Egídio Henriques de Araújo nasce na freguesia dos Prazeres, na Calheta, a 1 de setembro de 1891. Viria a falecer no Funchal, a 27 de dezembro de 1977, com 86 anos.
Estuda no Liceu de Jaime Moniz, na capital da ilha da Madeira.
Segue, depois, para Lisboa, para cursar Engenharia Eletrotécnica.
Em 1911 deixa a Universidade de Lisboa e vai para Londres para uma escola de engenharia, onde se forma em 1915.
Em 1916 ingressa no Exército e, como oficial miliciano, parte para a França.
É nomeado chefe dos oficiais do C.E.P. de Paris onde presta serviços como alferes equiparado de Engenharia.
Terminada a I guerra mundial, em 1918, regressa à capital londrina. Ali casa em 1919, pela primeira vez, com Phoebe Janet Melvill, escocesa, com quem tem três filhos.
De volta a à Madeira, volta a casar, desta feita, com Maria Beatriz Malheiro, com quem tem 17 filhos.
Em finais de 1919 é professor provisório do Liceu e convidado para exercer as funções de engenheiro da Fábrica Leão.
Após a chegada à ilha, trabalha, gere e administra a Fábrica Leão, que pertence à Sociedade Araújos, Tavares e Passos Ld.ª fundada em 1922.
Por essa altura, aceita pertencer a comissões de dirigentes do Centro Católico Português, no qual serve como Vice-presidente da Comissão Executiva liderada pelo Dr. Teodorico Fernandes.
Nas eleições de 1925, é candidato, como independente, e eleito pela Calheta, para procurador da Junta Geral do Distrito do Funchal.
Em 1930, a convite do Governador Coronel José Maria de Freitas, passa a ser Vice-Presidente da Comissão Administrativa da Junta Geral sob a Presidência de Luís Acciaouli.
Por ter sido afastado do cargo pelo então presidente, fica na presidência em exercício.
Em consequência das repetidas recusas para o exercício do cargo de presidente, é nomeado o Dr. João Abel de Freitas.
Em 1934, após a falência do Banco Henrique Vieira da Silva e devido a grande recessão que se segue, como sócio e administrador das empresas “Araújo, Tavares e Passos, Lda.” e Sociedade da “Água do Porto Santo Lda.”, realiza uma cessão de quotas, da primeira para a segunda empresa. Altera a razão social para “Empresa de Cervejas da Madeira, Lda. (ECM)”. São admitidos, na mesma altura, dois novos sócios: “H.P. Miles” & “Leacok & Companhia, Lda.”.
Surge a “Empresa de Cervejas da Madeira” que resulta da fusão das duas únicas fábricas de cerveja da Madeira – “Fábrica Leão” e “Fábrica Miles” propriedade de “Araújo, Tavares e Passos, Lda.” e “H.P Miles & Companhia”, respetivamente.
A “Água do Porto Santo Lda.” fica com 47%, a “H.P Miles & Companhia” com 47% e a “Leacok & e Companhia Lda.” com os restantes 6% da nova empresa.
Com a saída deste da presidência da Junta Geral, em 1947, António Egídio Henriques de Araújo, fica como presidente interino.
O novo Governador Civil convida João Figueira de Freitas com quem colabora de novo como Vice-Presidente entre 1947 e 1951, dando continuidade à concretização de projetos e obras de grande relevância para a Região.
João Figueira de Freitas é substituído por António Camacho Teixeira de Sousa na presidência da Junta, ficando novamente o eng. Araújo em serviço na junta. Mas nunca é nomeado oficialmente vice-presidente para que o pudesse substituir durante as ausências como deputado na República.
Entre 1951 e 1954 colabora e trabalha na Junta Geral. É responsável pelos orçamentos entre 1952 e 1954.
Desentendimentos com o presidente, levam a apresentar a demissão do cargo.
Durante 24 anos, entre 1930 e 1954 é vogal e vice-presidente da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal.
É vice-presidente da Comissão Distrital da Assistência e depois nomeado presidente por alvará do governador do Distrito, sucedendo ao Eng. Rui Vieira.
A posse acontece a 20 de outubro de 1961 e termina a 11 de março de 1964.
A 29 de Janeiro de 1963, apresenta o pedido de demissão de Presidente desta Comissão, por razões de saúde e por não concordar com a centralização dos serviços assistenciais, que levam à diminuição de receitas que aumentam o problema Hospitalar da Madeira e a não concretização da promessa da construção do novo edifício da Escola Salesiana de Artes e Ofícios do Funchal.
Em 1965, à frente da ECM e em resultado das boas relações que tinha com Humberto Pelágio, administrador da Central de Cervejas, propõe que a “Água do Porto Santo Lda.” e a “H.P Miles & Companhia” cedam, cada uma, 15% das suas quotas à Sociedade Central de Cervejas, para evitar concorrência no mercado da cerveja da Madeira que pode se fatal para a ECM.
Em 1974, a quota de 32% propriedade da “Água do Porto Santo Lda.” na Empresa de Cervejas da Madeira é nacionalizada.
A quota nacionalizada, após 1974, fica na posse do Governo Regional da Madeira que a vende em 1999 ao atual proprietário.
Após a nacionalização da ECM, manteve-se como gestor e administrador da Sociedade de Água do Porto Santo, cujo edifício/fábrica da água, construído em 1922, de estilo apalaçado,éi registado em 1959 na Sociedade de Águas do Porto Santo.
Em 1967, após a apresentação de um projeto de remodelação, a unidade passa a contar com uma linha de enchimento automático, e outras melhorias, dotando a fábrica de condições compatíveis com as exigências de mercado.
Inicialmente, a fábrica funciona com máquinas movidas a vapor.
Muitas das garrafas são transparentes e têm um rótulo pirogravado que dispensa o uso de papel.
Desde essa altura, até 2 de outubro de 1995 a fábrica funciona normalmente na venda das águas gaseificadas e sem gás.
Em 1995 está previsto atingir vendas de mais de 250.000 litros de Águas do Porto Santo.
Mas, por indicação da Inspeção Regional de Atividades Económicas, a fábrica é encerrada por alegadamente a água estar bateriologicamente imprópria para consumo.
Em 10 de julho de 2000 a Sociedade de Água do Porto Santo Lda. é absolvida de todas as supostas irregularidades de que é acusada, conjuntamente com o seu gerente.
No entanto, a fábrica nunca mais labora e continua igual ao dia em que trabalhou pela última vez.

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