Avançar para o conteúdo principal

Apresentados

Biografias da Madeira

Biografias da Madeira tem na sua base trabalhos que publiquei entre 2002 e 2004, e outros mais a partir de 2010 até hoje, todos atualizados ao longo do tempo. O blogue releva  biografias de madeirenses, mas abrange igualmente aqueles que acabam por ser "madeirenses" pela vivência que têm ou tiveram da ilha durante muitos anos. E também os madeirenses e descendentes de madeirenses da nossa diáspora. Novas biografias estão a ser tratadas. Muitas mais encontram-se por fazer.

Herberto Helder

O poeta solitário


Herberto Helder Luís Bernardes de Oliveira nasce no Funchal, Madeira, a 23 de novembro de 1930.
Frequenta o Liceu. Em 1948, muda-se para Lisboa para estudar Direito, curso que deixa para trás.
Segue-se Filologia Românica, que não conclui.
Opta pela via autodidata fruto de muitas leituras.
Falece em Cascais, a 23 de março de 2015, aos 84 anos. A notícia da sua morte é confirmada dias depois, cumprindo um desejo de discrição.

Poeta grande do século XX

Herberto Helder é considerado um dos grandes poetas de língua portuguesa do século XX.
A origem e a paisagem insular marcam a sensibilidade poética.
É uma figura mítica, pouco conhecida, resguardada.
Recusa prémios e evita aparições públicas.
Em 1994, é atribuído o Prémio Pessoa, o mais prestigiado do país. Herberto recusa. Discorda da institucionalização da arte.

Misterioso

Cultiva uma aura de mistério que amplia o impacto da obra.
A sua poesia, caraterizada por uma linguagem densa, alquímica e profundamente inovadora, reorganiza o campo das possibilidades do idioma.
Herberto Helder diz: ​"A poesia é o meio que encontrei de atravessar o mistério e de ficar com ele, o mistério do corpo, o mistério da linguagem, o mistério do mundo."
​"(...) é o meio que encontrei de atravessar o mistério e de ficar com ele, o mistério do corpo, o mistério da linguagem, o mistério do mundo."
Refere ser ​"preciso que a palavra seja fogo, que a palavra seja o corpo em chamas. É preciso que a palavra corte, que a palavra seja a faca (…) que a palavra seja fogo, que a palavra seja o corpo em chamas. É preciso que a palavra corte, que a palavra seja a faca."
Mais refere que escreve “para ter a idade que a infância não soube o que fazer com ela. Escrevo para tentar a magia (...) para ter a idade que a infância não soube o que fazer com ela. Escrevo para tentar a magia."

Essência da vida

​A sua poesia é uma busca incessante pela essência da vida, feita de corpo e mistério. A palavra é o instrumento final da exploração, conforme se ler neste poema:
​”A palavra
não é o que se pensa,
não é o que se fala,
é o que se vive.
​A palavra, antes de ser escrita,
entra no sangue,
fica na febre
do coração.
​É preciso
que a palavra
seja o corpo a arder.
​É preciso que a palavra
seja tudo:
o amor, a faca, o fogo,
o silêncio que os contém.
​O poeta
não escreve com ideias,
mas com a pele
e com a luz.”

Profissões

Nos anos 50, passa por empregos como redator publicitário, jornalista e tradutor. Neste último, traduz para português obras de autores como Emily Dickinson, Dylan Thomas, Shakespeare e Edgar Allan Poe, caminho que permite um contacto mais próximo com outras vertentes poéticas.
As viagens pela Europa complementam e alargam o horizonte cultural.

Obras literárias

A primeira obra literária é "O Amor em Visita" (1958). Inscreve-se no contexto do surrealismo e evidencia uma presença única.
Apesar de associado à "Geração de 50", ou ao movimento pós-surrealista, é uma voz solitária que segue o seu caminho.
Publica outras obras como "Electronicolírica" (1964) e "Húmus" (1967), onde trata a poesia como uma máquina ou um organismo vivo que se autocria e se transforma.
A linguagem não descreve a realidade por criar uma nova realidade.

Transformar

A sua escrita assemelha-se a um processo que transforma a matéria bruta das palavras em ouro poético, num ato de transmutação e poder mágico.
Começa a afastar-se da vida pública. Recusa entrevistas e participações em eventos. Esta atitude contribui para a criação do mito do poeta maldito ou do feiticeiro da linguagem.
Em 1973 publica "Poesia Toda", uma antologia organizada pelo próprio, que é mais que uma compilação. Constitui uma obra em si mesma.
Herberto Helder reescreve os seus poemas anteriores, tratando a obra como um projeto contínuo e orgânico.
Este trabalho é reeditado e ampliado várias vezes ao longo da vida.
Continua a publicar livros de poesia através da sua editora de confiança, a Assírio & Alvim.
"A Morte sem Mestre" (2014) é uma das suas últimas obras.

Principais obras

As suas principais obras são “O Amor em Visita" (1958), “A Colher na Boca" (1961), “Electronicolírica” (1964), “Húmus” (1967), “Poesia Toda” (1973, e edições subsequentes), A “Morte sem Mestre” (2014), “Os Passos em Volta” (1963) - uma coletânea de textos em prosa de caráter narrativo e autobiográfico, considerada uma obra-prima do género.

Comentários

Mensagens populares