Jo-Anne S. Ferreira

A professora que procura a família madeirense


Jo-Anne S. Ferreira nasceu e vive em Trindade & Tobago, nas Caraíbas. É bisneta de madeirenses. Não consegue ter passaporte português e necessita de visto para vir à terra dos seus antepassados. O seu bisavô, pai da avó chamava-se Manuel Vasconcelos de Sousa, e era de Machico. Casou com Mary Sabino, cujo pai nasceu na Guiana britânica, e a mãe, de apelido Vieira, era madeirense.

por: Paulo Camacho

Apesar da distância dos antepassados, Jo-Anne Ferreira, professora universitária reputada, há anos que iniciou uma busca incessante pelas suas origens madeirenses. E foi numa dessas viagens que conversamos no Funchal. Estávamos em 2010.

Confessou que não estava a ser fácil encontrar ligações que lhe levassem a antepassados que existirão na Madeira.
No entanto, admite que os arquivos naquela área do globo, então inacessíveis, proporcionam naquele ano melhores condições para pesquisar.

Diz que da parte do pai existiram vários fluxos migratórios. Da parte da mãe confessa que houve mais mistura, com nove nacionalidades e três etnias.

Jo-Anne Ferreira estudou em Trindade & Tobago.
Professora de Linguística, na Universidade de West Indies, fez um doutoramento acerca do desaparecimento da língua portuguesa. Quis saber porque sobreviveu em algumas famílias e não em outras.
Revela que o resultado da pesquisa é que tudo depende da época da emigração.

Recorda que a grande emigração madeirense para a ilha parou na geração dos seus bisavós.
Apenas a avó falava português, que veio uma vez à Madeira, onde tinha uma prima.
Refere que o avô era muito anglófono.

Na base de tudo esteve a curiosidade de Jo-Anne Ferreira em saber porque a sua família só sabe de "carne-vinho-e-alhos", do "Natal" e de um palavrão que prefere não dizer.
Contudo, em algumas famílias, a língua sobreviveu. Eram famílias que levaram empregadas e que proporcionou mais fluxos de emigração.
Não obstante, a língua acabou por desaparecer.

Lembra que quando começou os estudos havia mais de 30 a 40 madeirenses nascidos na Madeira, e que ainda viviam em Trindade & Tobago.
Na primeira década do ano 2000, a comunidade era "apenas de descendentes de madeirenses". Os que foram da Madeira já faleceram.

Números de descendentes de madeirenses são se sabem. Admite que são milhares porque há muita mistura e integração. Muitas pessoas são metade português e metade de outras nacionalidades, confidencia.
Complementa que muitas pessoas podem parecer indianas, chinesas, ou africana. Mas reclamam sangue português. No fundo, diz ser o testemunho dos portugueses se terem integrado muito bem na sociedade local.
Com uma distância de algumas gerações Jo-Anne Ferreira confessa que vir à Madeira, onde já veio muitas vezes, é contactar com as raízes, pese embora admita que, apesar de querer conseguir conhecer os seus parentes, ainda não conheceu ninguém. Isto apesar de ter andado já a pesquisar nos arquivos.
Daí que não esconda que ficaria muito feliz se encontrasse um familiar .

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