Isabel Ferraz

Turismo com dedicação


Isabel Maria Peckre Ferraz cedo desperta para o mundo do Turismo. Ainda pensa cursar Direito, mas a Gestão de Turismo leva a primazia. Nascida em Lisboa, a 29 de agosto de 1967, começa a trabalhar na Madeira, de onde sai para regressar, onde se encontra até hoje.

por: Paulo Camacho

Tem raízes na Madeira. O pai nasce na ilha, na quinta do Estreito, na então chamada Quinta Figueira Ferraz. Hoje é uma unidade hoteleira.
A mãe é francesa. Mas nasce na então Indochina, uma colónia de França na Ásia. Hoje, o território é independente e chama-se Vietname.
Isabel Ferraz nasce em Lisboa.
Uma sua irmã nasce na Suíça, onde também tem família. O pai é filho de mãe helvética.
Quando Isabel tem quatro anos, a família Ferraz vai viver para África, primeiro para Joanesburgo, na África do Sul, e depois para Lourenço Marques (como faz questão de chamar à cidade que, depois da independência, passou a chamar-se Maputo), Moçambique. O pai trabalha na Sonap, que está na génese da Galp que hoje conhecemos em Portugal, que atua na mesma área dos combustíveis.

Regresso a Lisboa

Com a revolução de abril, a família tem de regressar a Portugal. Estamos em 1974. Em Moçambique completa a 2.ª classe, atual 2.º ano de escolaridade.
De regresso a Portugal, à capital, retoma os estudos, no liceu francês.
Ali fica até ao equivalente ao 12.º ano.
Isabel Ferraz fala francês em casa com os pais. Apesar da fluência na língua gaulesa, admite que pensa em português.
Acabado o liceu, sai para ingressar na universidade. Mas não lhe dão equivalência para as escolas “nacionais”. Perde um ano a fazê-lo.
Candidata-se a Direito, na Universidade Católica, e a Gestão Hoteleira, na Escola de Hotelaria do Porto.
Entra nas duas, mas opta pela segunda, porque é o que gosta. Hoje admite que odiaria ser advogada. Entende que não faz o seu estilo.
Considera que a fase inicial da sua infância em que viaja e vive em África, no Algarve e no Porto, influencia a decisão de optar pelo Turismo. E igualmente o seu carácter.
Sente-se uma pessoa itinerante. Nunca está satisfeita no lugar em que se encontra por muito tempo. Guarda gratas recordações dos anos que vive em África, que a marcam. Sente vontade de regressar, mas tem receio de não encontrar a sua África.

Gestão de Turismo

Termina o curso no Porto, em 1989. Os primeiros contactos com a profissão acontecem na Madeira. O primeiro emprego é no Grupo Pestana. Trabalha no departamento comercial. A experiência não lhe agrada muito.
Passado um ano sai e regressa ao continente. Vai para o Algarve, trabalhar com uma companhia inglesa, a THF, pertencente a um italiano. Tem hotéis de cinco estrelas. Dois deles são o Penina e o Dona Filipa, do qual é diretora comercial.
A certa altura, dá-se uma fusão nos hotéis em Portugal. Passa a ser diretora de vendas das duas unidades.
Entretanto, os hotéis são vendidos. Deixa-os e muda de ares, não para muito longe. Vai abrir o Casino de Vilamoura. Proporciona-lhe uma experiência nova. Passa a ser diretora comercial de restauração e diretora de animação. Contrata os artistas para os espetáculos e controla a área de comidas e bebidas.
Por ali fica dois a três anos. A empresa entra em problemas. Sai, tal como os seus colegas.
Entra no grupo Dom Pedro. Mesmo ao lado ingressa no Dom Pedro Marina. É diretora de alojamentos. Acumula um pouco com a função de assistente de direção. Mais tarde, ao fim de sete anos de Algarve, volta para Lisboa.

Madeira à vista

Entra no grupo Pão de Açúcar, um gigante nos hipermercados e supermercados. Contudo, vai supervisionar a componente de restauração do grupo especializado em distribuição. Faz a parte de comidas e bebidas. Sai. Vem de férias à Madeira. Quando aqui chega, recebe uma proposta do sr. Bianchi para entrar no hotel Quinta do Sol, que então lhe pertence.
A ideia de ser diretora da unidade agrada-a.
Volta para Lisboa. Demite-se do Pão de Açúcar e aceita o desafio lançado na Madeira. Por ali fica cerca de um ano, altura em que a unidade de quatro estrelas passa para as mãos de Estêvão Neves. O empresário chega a fazer-lhe uma proposta. Mas Isabel Ferraz não quer continuar no hotel.

Estalagem Casa Branca

Por essa altura, a família Leacock convida-a para abrir e ser diretora-geral da Estalagem Quinta da Casa Branca, no Funchal. Está a dois meses de receber os primeiros turistas. Corre o mês de abril de 1998. O hotel abre em junho. Ali se mantém desde essa data, tendo passado já por uma ampliação ligeira da unidade, que manteve o mesmo espírito que os promotores quiseram dar ao hotel, que se perde no meio do imenso verde que o rodeia.

Viajar e apreender

Nos tempos livres, Isabel Ferraz gosta de viajar e de ler. Aprecia mais o mundo das viagens, que procura conciliar nas viagens profissionais. Quando pode, prolonga-as para conhecer mais, tanto o local como as infraestruturas turísticas. Igualmente, quando faz férias, de verdade, não consegue deixar de conciliar sempre com visitas a hotéis, restaurantes... Mesmo que queira, não consegue desligar. Há sempre pequenas coisas que podem dar ideias novas.
Além desta componente, que contribui para a atualização de conhecimentos, também participa no máximo de seminários possíveis, assim como faz pós-graduações frequentes para manter sempre a chama acesa.
Não obstante, está consciente de que a tal parte prática de conhecimentos
“in loco” tem um papel muito importante no aperfeiçoamento constante para o melhor desempenho da profissão.

No domínio das novas tecnologias, tira o máximo de partido das novas ferramentas, como a Internet e o correio eletrónico. E tanto assim é que, assim que chega ao escritório, liga a luz. E, logo depois, o computador, que gostaria que arrancasse mais depressa. Liga a Internet e abre o “e-mail”.
Recebe, lê e envia igualmente muitas mensagens. Está permanentemente com a Internet e o “e-mail” ligados. Na Internet procura informações sobre turismo e hotelaria.
Em relação ao tempo de trabalho médio diário, diz que não o tem estimado.
Perde-se no trabalho, tanto no escritório como nos contactos com os clientes.
Isabel Ferraz tem 42 pessoas a trabalhar na unidade sob a sua responsabilidade, quase uma por cada um dos 43 quartos, o que permite dar uma atenção especial, que uma grande unidade não tem possibilidade de fazer. _

(31 de outubro de 2003)

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