Rui Sá

A cultura do Grupo e os “hobbies”


Começa cedo a acompanhar o pai no crescimento das empresas que culminam no Grupo Sá. Esse convívio faz com que tire um curso de Economia em Coimbra.
Antes de regressar à Madeira, faz um estágio em Lisboa.
Em 2021 abriu o MAMA - Museu de Arte Moderna da Madeira.

por: Paulo Camacho

Começa os primeiros estudos no Colégio da Apresentação de Maria, no Funchal. Na primária, Rui Sá muda, juntamente com o irmão Jorge, um ano mais velho, que o acompanhará até ao 7.º ano (actual 11.º), para o Colégio Infante. Ali faz muitas amizades.
Atingida a 4.ª classe, ano em que consegue ultrapassar o irmão nas aulas, muda para a Escola Gonçalves Zarco. Posteriormente vai para o liceu (actual Escola Secundária de Jaime Moniz).
Faz o propedêutico. Com 18 anos, segue para a Universidade de Coimbra para cursar Economia.
Antes de iniciar as aulas faz uma viagem pela Europa. Conhece Espanha e cidades como Paris, em França, e Londres, em Inglaterra, e ainda Lisboa. É uma viagem que contribui para que veja o mundo com outros olhos.
Até então só conhece os Açores.

Férias a aprender

Tudo porque, até aí, as férias são passadas a ajudar o pai no crescimento e no fortalecimento dos negócios nas empresas Sá.
Rui Sá refere que começa a assumir algumas funções de responsabilidade com 14 anos.
Na altura, o pai tem o escritório na Rua Dr. Fernão de Ornelas, n.º 73, 1.º andar.
Esses tempos acabam por influenciar o seu percurso profissional.
O pai, desde cedo, incute o valor do trabalho. Por isso mesmo, quando necessário, ajuda nas operações de descargas de produtos, como o arroz que chega do Uruguai ou do Suriname.
Na prática cresce a conviver intensamente com o dia-a-dia da empresa.
Assim, quando surge a altura de escolher o curso, não hesita pela economia. Uma escolha que acaba por deixar satisfeito o pai, Jorge Sá. No fundo apercebe-se que poderá continuar a contar com o apoio do filho.
A ida para Coimbra surge por influência do padrinho do Crisma, França Pitão, então assistente na Faculdade de Direito. É ele que o apoia nos primeiros passos.

A caminho de Coimbra

A caminho de Coimbra, as primeiras compras são um sobretudo e umas botas. Tem a felicidade de contar com o Mini que o pai lhe coloca à disposição. Com ele viaja pelo país.
Durante a vida académica, no 4.º ano, em 1985, chega a ser o representante da sua faculdade na Comissão de Queima das Fitas. É uma oportunidade para contactar os gabinetes dos ministros e dos principais líderes da época.
A juntar a isto, faz uma série de contactos com a comunicação social e dá as primeiras entrevistas. A rede de contactos e o diálogo dão-lhe muito confiança e à-vontade.

A Casa da Madeira

Juntamente com o irmão, está envolvido no lançamento da Casa da Madeira em Coimbra. O irmão Jorge é presidente e Rui Sá presidente do conselho fiscal.
Gosta muito dos tempos de Coimbra, onde perde um ano. Uma directa acaba por o atraiçoar na defesa do trabalho sobre teoria marxista. Fica em branco e a professora não perdoa. Tem de fazer, de novo, o 3.º ano. Mas não dá por mau empregue o ano a mais que passa na cidade dos estudantes.
O curso está quase concluído. Rui Sá começa a preparar a vinda para a Madeira.
Tem oportunidade de acompanhar a abertura do primeiro Super Sá, na Rua do Seminário, em 1985. Constitui uma grande lufada de ar fresco nos supermercados madeirenses.

Estágio

Antes de vir para a Madeira, decide fazer um estágio no continente, numa das empresas mais destacadas: a Inô. Inô que, mais tarde, é adquirida pela Jerónimo Martins.
Lá encontra o dr. Bastos Lopes, e a sua equipa, considerada uma pessoa distinta na área dos supermercados, que está ligada ao lançamento do Modelo e do Mestre Maco.
Por isso mesmo, Rui Sá considera que, depois da teoria aprendida na faculdade, é oportuno aprender a componente prática antes de regressar à Madeira para entrar no mundo da distribuição, em que o pai está directamente envolvido.
Fica na Inô cerca de um mês. Durante este período, circula por todos os sectores da empresa. Entra na organização dos layouts das lojas, na organização dos recursos humanos e na organização geral da empresa onde se incluem ainda as componentes financeiras e de imagem.

O regresso à ilha

Regressa à Madeira.
Em 1988, o grupo abre o Super Sá junto ao hospital da Cruz de Carvalho.
Nessa altura, há uma concorrência forte com as redes Cavalinho e Nova Esperança.
O grupo Sá está em desvantagem. Tem menos lojas que a concorrência. Mas isso só incentiva a mais empenho.
Saem do Funchal à procura de novos mercados. É assim que, em 1992, implantam um novo Sá, em Câmara de Lobos.
Em 1994, a aposta é no Caniço.

Grande dedicação

Depois há o grande salto com o Hiper Sá, numa altura em que as pessoas não acreditam que o grupo tenha capacidade para desenvolver um projecto daquela envergadura.
Hoje diz que quase casou com a empresa estes anos todos, tal o apoio que lhe dedica no dia-a-dia.
Da altura das inaugurações lembra-se das corridas de carros de compras, feita em distâncias consideráveis, por estafetas. Trataram-se de provas feitas com a colaboração da RJM e contou com grande adesão popular e das empresas. 
E por falar em carros de compras, Rui Sá recorda, com satisfação, o lançamento pioneiro na Madeira de um novo carro estilizado em material plastificado.
Durante estes anos em que se encontra no grupo, tem viajado muito para conhecer novos conceitos. Visita inúmeras feiras.

Marketing e imagem

Entre os três irmãos que trabalham no grupo, Rui Sá acaba por se interessar mais pela componente do marketing, os recursos humanos, a elaboração da imagem da empresa e o desenvolvimento de novos conceitos.
Os irmãos vão mais para a área comercial.
O pai ocupa-se mais da área financeira e administrativa.
Não obstante, todos entreajudam-se com o objectivo primordial e comum de fortalecer o grupo.

Excelente equipa

Rui Sá orgulha-se de ter trabalhado com uma excelente equipa. Confidencia mesmo que um dos segredos da empresa foi manter a equipa coesa.
Na componente do marketing, o grupo trabalhou a sua própria imagem, fruto de um trabalho de equipa. Rui Sá gosta muito de jogar com as palavras nos slogans que utilizava para promover as empresas do grupo. Além disso, procurava ter sempre as lojas Sá com actividade.
Não esconde que se sentiu responsável pela imagem que a marca Sá teve junto dos madeirenses.
O empresário madeirense deixa bem claro que estes produtos de qualidade — porque estava em causa o bom nome do grupo — permitiram ampliar o nome Sá junto do consumidor e, ao mesmo tempo, criar condições de fidelização. Chegaram a ultrapassar a centena de produtos, alguns dos quais feitos por empresas madeirenses.
Rui Sá tem o condão de ser muito observador para perceber o que se passa à sua volta. Assimila a informação e depois dá o tratamento ou a resposta que considere mais adequados.

A abertura do MAMA

Em 2021, no dia 27 de julho, inaugura o seu mais novo projeto, o MAMA - Museu de Arte Moderna da Madeira. Situado na Estrada Monumental, no Funchal, junto à Ponte do Ribeiro Seco, está dividido por temas: Oásis, Club Éden; Mistérios; Céu; Caverna; Arena; Obelisco; Universo; Tempo; Êxodos; Energia e Passos Perdidos.
O museu ocupa uma área de 800 m2, onde constam trabalhos de Rui Sá. São mais de 300 quadros pintados pelas suas mãos, revelando um grande talento e muita dedicação.
É um sonho que concretiza.
Hoje, o MAMA dispõe de uma oferta ampliada, aliando a realização de concertos todas as semanas, onde sobressai o jazz.

Desporto

Paralelamente à actividade profissional, Rui Sá sempre gosta de praticar desporto. Diz que é imprescindível para si manter-se em forma. E eliminar o “stress”. 
Pratica ténis, squash e ioga. Procura, cada vez mais, conhecer actividades novas. 
A juntar a estas actividades chegou a ser presidente da Assembleia-Geral da Associação de Comércio e Serviços da Região Autónoma da Madeira.

Os hobbies

Como hobbies gosta muito da fotografia. Os objectos que capta são diversificados. Vão desde a documentação com imagens das lojas do grupo até à componente cultural, passando por uma panóplia de vivências.
Outro dos seus hobbies é andar a pé. Uma vez por mês percorre os caminhos da ilha plantados no seio da mãe natureza.
Lê muito. As fontes são diversas. Vai desde as revistas especializadas, técnicas, como o marketing, os recursos humanos e os hotéis, passando por outros domínios que contribuam para o enriquecer culturalmente.
Também gosta de música. Já deu os primeiros passos para aprender instrumentos como o piano. Mas nunca encontra o tempo suficiente para dedicar mais tempo.
Neste âmbito também gosta de cantar junto dos amigos. Canta fados de Coimbra. Outras músicas que gosta também fazem parte do seu repertório.

Outro hobby é viajar. Vê na viagem uma oportunidade excelente para conhecer os outros. E ainda para tirar muitas fotografias.
Gosta muito igualmente de cinema. Hoje dedica menos tempo, mas sempre escreve, ainda que sumariamente, alguns dados no que poderá ser um diário.
Também gosta de mergulho. Está a meio de um curso.
E como se ainda não fosse pouco, tem intenção de aprender pintura.
Para conseguir tempo para estes hobbies dispensa o polir de cadeiras nos cafés. Uma situação que diz ter feito muito quando estudante em Coimbra.
Mas, sobretudo, tem uma gestão eficaz do seu tempo.

O Marítimo

No âmbito do dirigismo desportivo, Rui Sá esteve na direcção do Clube Sport Marítimo. Foi vice-presidente do Clube e do Marítimo Madeira Futebol SAD.
Acompanha a actividade do clube do Almirante Reis durante largos anos.
Hoje reconhece ter menos tempo para dedicar ao clube. Mas, de certa forma, conforta-o saber que o clube está mais profissionalizado.
Dá um grande contributo na implantação do museu. E na área da imagem do clube. Está envolvido na renovação da imagem do clube, com o “restyling” do emblema.

B.I

Nome: Rui Filipe da Silva Sá
Data de nascimento: 1961-09-13
Naturalidade: Imaculado Coração de Maria, Funchal, Madeira

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