Ricardo Borges


Crescer e viver com o turismo

Ricardo Borges tem uma filosofia de vida: os negócios são feitos sempre a longo prazo. Esta forma de estar tem contribuído para cimentar amizades ao longo dos tempos. Dinâmico por natureza, o empresário tem o dom e a arte de bem dialogar. Desde cedo começa a contactar com o turismo que tanto gosta.

por: Paulo Camacho

O primeiro contacto que tem com o mundo do trabalho é na casa de vinhos Borges, do avô. Ainda é muito jovem e estudante. É uma grande oportunidade para contactar com os turistas.
Mais tarde, já no liceu, com a falta de guias intérpretes, o pai, Fernando Borges, gerente da Blandy, convida-o a fazer, de vez em quando, excursões. É o tempo de um paquete no porto dia sim, dia não. Estamos nos fins dos anos 60 e princípios de 70.

O pai Borges

Na prática o pai (com uma experiência de 40 anos de turismo) tem uma influência decisiva no percurso seguido por Ricardo Borges. Uma influência a que se juntariam durante o seu percurso sócio-profissional pessoas como Bill Flux, Adam Blandy e Richard Blandy, a quem hoje não esconde o reconhecimento por isso mesmo.
Mas desde cedo tem oportunidade de conviver com comissários e oficiais de bordo dos paquetes que aportam à Madeira, assim como com o turismo, de forma geral, através das pessoas que vêm à ilha proceder à contratação junto dos hotéis para as suas operações. Na prática reconhece que tudo acontece por influência do pai, um dos gerentes da Casa Blandy, que congrega a agência de viagens e o agenciamento de navios.

As primeiras viagens

Tem oportunidade de conviver com pessoas mais velhas, de diferentes culturas e países. Provavelmente, estes factores, têm influência decisiva em todo o percurso sócio-profissional de Ricardo Borges.
Recorda-se, de calça curta, solicitar ao pai para o levar a bordo dos paquetes que atracam no porto. Alguns, devido ao tamanho e calado, têm de ancorar e ficar ao largo.
Muitas vezes viaja a bordo dos grandes paquetes da imponente frota portuguesa, onde perfilham navios como o Príncipe Perfeito, o Infante do Henrique e o Santa Maria. Lembra-se de vir de Lisboa para a Madeira na segunda viagem realizada pelo Funchal.
Juntamente com os avós faz também cruzeiros a Canárias em paquetes como o Laconia e nos “vapores do Cabo”.

Falar inglês

Mostra um interesse precoce em falar inglês e querer contactar com as pessoas. Isso faz com que o turismo cresça consigo. Um crescimento onde os navios têm uma influência bem vincada. Muitas das pessoas que conhece dessa altura hoje são seus amigos. Ricardo Borges cultiva a amizade.
Estuda em várias escolas. A maior parte do tempo passa no Liceu de Jaime Moniz (hoje escola Secundária de Jaime Moniz). Depois de terminar o sétimo ano é chamado a cumprir o serviço militar. Estámos em 1973. Passa por Mafra e Santarém. Tem de ir para Moçambique. É uma fase da vida que não guarda gratas recordações.
Em virtude do cenário político da altura, com o 25 de Abril de 1974, consegue regressar mais cedo do que o previsto.
Terminada a tropa regressa à Madeira.

O primeiro emprego

Está na ilha um amigo do pai, Harry Svenson, que vem para cá para ser chefe de guias do operador escandinavo.
Mas, nessa altura já é sócio e director da Agência de Viagens Windsor.
Surge o convite em 1976 para trabalhar com ele na Windsor.
É ali que dá os primeiros passos na área do funcionamento de escritório. Tem grande apoio de Harry, grande amigo do pai Borges.
Faz de tudo um pouco. Passa pelos transferes, excursões, reservas, gestão de “allotments”, detalhes de contratação e operações charter.
No segundo semestre desse ano passa a ter a responsabilidade dos departamentos de transferes e excursões.

Representação

Em 1977, dentro da Windsor, passa a representar o operador britânico “Castle Holiday’s”. Este facto marca-o. Pela positiva.
Logo a seguir é promovido a “contract manager”. Isso quer dizer que passa a ser responsável por toda a contratação da empresa. Conta com o apoio de todos os “contract managers” dos operadores turísticos que a agência representa. Mantém sempre a ligação com a Castle Holiday’s.
Ali fica cerca de um ano e meio. Harry Svenson sente pena de perder o seu “braço direito”.

O grupo Blandy

Acontece que o grupo Blandy tem uma secção do Lloyd’s of London Shipping and Insurance. O director é Joaquim de Gouveia.
Neste sentido, surge um convite para Ricardo Borges ingressar na empresa.
Asssim, após o convite e muita insistência aceita ingressar na empresa Blandy Brothers & Co.Lda. para o Departamento de seguros e shipping.
O primeiro passo é uma entrevista com Richard Blandy. Gosta muito da conversa. Houve palavras de incentivo de uma pessoa que muita admira.

Incentivo

Ricardo Borges teme não ser uma tarefa fácil. Mas o empresário diz que vai aprender com Joaquim de Gouveia e depois segue para Inglaterra para ampliar os conhecimentos e ter formação adequada. Salienta que um erro genuíno não tem problema; um erro premeditado é que constitui problema.
Aceita.
A um de Março de 1977 entra no Grupo Blandy para trabalhar na Lloyd’s.
Vai como assistente de Joaquim de Gouveia. Segue para Inglaterra. Tem oportunidade de se deslocar a Londres, Tilbury, Southampton e Liverpool a fim de se especializar no sector. Hoje reconhce que tem muitos proveitos disso.
Em meados de 1978 regressa a Londres. Mais propriamente à City, onde completa uma formação em “manegement, underwritter and surveyor”, supervisionado pela Llloyd’s. Tem sucesso.
No regresso é nomeado na Casa Blandy e também por inerência de Londres, assistante de direcção do Departamento de Seguros da Blandy Brothers & Co. Ld., e igualmente com a mesma posição relativamente ao Lloyd’s Agency.
Em 1979, em virtude do responsável máximo se reformar é nomeado director do sector na Casa Blandy e “Agency Manager” do “Lloyd’s of London”.

Trabalho a bordo

Embora não abandone a actividade, é convidado pela CTC Lines Cruises, em Londres, a efectuar um cruzeiro pela Escandinávia e Báltico na qualidade de “assistant manager” offshore excursions no navio “Mikhail Lermentov”.
Em1980, continua a executar as funções do ano anterior. Participa num seminário de marketing e serviços, organizado por entidades privadas.
Começa a dar apoio ao director geral da agência Blandy, no Departamento de cruzeiros, na organização dos serviços em terra. Serviços em terra que abrangem desde os requisitos do armador e dos clientes até a operacionalidade de todos os serviços inerentes à actividade, nomeadamente excursões.
Em Maio e Junho desse ano tem oportunidade de voltar a trabalhar em dois cruzeiros na costa atlântica e mediterrânica nos navios “Karelyia” e “Azerbadjhan”. Ambos estão fretados pelo mesmo operador CTC Cruises em London.
No “Karelyia” desempenha as mesmas funções dos anteriores e, no último, como director de excursões em terra.

O regresso a terra

No último trimestre desse ano é convidado para assessor do director geral da Agência Blandy que acumula as funções de director do “Shipping” e da agência de viagens na empresa.
Continua com as responsabilidades anteriores. E, de acordo com as necessidades prepara uma equipa para garantir o funcionamento normal do Departamento de seguros da empresa que continuaria a reportar-lhe.
Em 1981 inicia uma prospecção de mercados, visitas regulares a clientes, deslocações a feiras de turismo (vai à feira de Berlim desde 1979 e, participação em seminários do sector.
Com esta nova etapa passa a ter responsabilidades diversificadas no sector, com maior primazia na área de marketing e planeamento.

O Porto Santo

Um ano depois, continua com a situação do ano anterior mas com maiores responsabilidades de reestruturação e imagem da empresa regressando e supervisionando funções anteriormente exercidas na área de contratação e de operadores turísticos.
Em 1983 passa ter uma posição de maior relevo dentro da organização.
Passa a ter as responsabilidades de chefia em vários sectores da actividade. É incumbido de abrir a agência Blandy no Porto Santo. Desde a primeira pedra até a abertura.
A 15 de Agosto é inaugurada a agência no Porto Santo.
Nesse ano anda entre o Porto Santo e Funchal em tarefas de vária ordem. Desloca-se a Londres novamente com funções de estratégia da empresa.
Em 1984, com abertura do escritório do Porto Santo e com a recente a abertura do porto de abrigo o Grupo Blandy é pioneiro em incluir o porto do Porto Santo nas escalas dos navios cruzeiro.

Escalas na ilha

Nesse ano tem, pela primeira vez, e no espaço de dois dias, a escala de navios de cruzeiro. Um navio fretado pela CTC Cruises “W. Kahilinin”, é o navio com bandeira liberiana fretado pelo operador americano “Raymond & Whimtcomb”
Nesse mesmo ano participa em vários cursos de Marketing e Management.
Em 1985 fica com a responsabilidade total das operações da empresa Blandy.
É dado a Ricardo Borges o título de “Operations and Marketing Manager”. Reporta directamente ao director geral como já vinha sido hábito. Mas, a partir de agora, oficialmente. Entre 1985 e 1989 fica com a responsabilidade total no receptivo da empresa, contratação, operações, cruzeiros e “shore excursions”, programação e sucursais.

No “board”

Passa a fazer parte do “board da empresa”.
Em 1989 é nomeado director geral da Agência Blandy. Funções que desempenha com êxito, e com muita alegria, até Novembro de 1998.
Em Dezembro de 1998, por decisão pessoal e unilateral, pede a demissão do Grupo Blandy.

No grupo Tui

Surgem inúmeros convites. Ingressa no Grupo Tui como director geral da Miltours Madeira. Curiosamente encontra o operador Tui, que, antes de estar ligado estruturalmente à Miltours, esteve na Blandy quando Ricardo Borges é director.
Ali fica durante dois anos.

O grande desafio

Até que lança a sua própria agência em Novembro de 2001: a The Madeira Travel Company - TMTC, com sede na Estrada Monumental. É o materializar de um sonho antigo.
Neste momento aposta apenas no “incoming”.
Hoje em dia Ricardo Borges lê muito jornais, tantos os quotidianos como os da especialidade, como o Travel Wheekly.
Pesquisa igualmente informações na Internet e utiliza o correio electrónico.
Usa o computador, mas prefere escrever à mão e só depois passar para o aparelho.

“Hobby”: a família

Quanto a “hobbys”, tem pena de não ter mais tempo para praticar o seu desporto favorito: o golfe.
Para já, o seu grande “hobby” é a família.
Passa algum tempo também a cortar a relva para relaxar.
Em relação ao tempo de trabalho diz que é variável.

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