Jorge Pereira
O engenheiro que
gosta de gerir
Faz o ensino
primário no Externato Nun’Álvares, mais conhecido por “Caroço”. Considera que é
uma boa base para alicerçar os estudos.
A fase
seguinte é feita inicialmente na Escola Secundária de Francisco Franco e,
posteriormente, na Escola Secundária Jaime Moniz.
Está numa
área muito genérica que dá para seguir vários cursos. E tanto assim é que,
quando vai escolher o curso, de manhã, sai de casa sem saber qual o que
pretende seguir.
Engenharia
Tem notas
que lhe permitem ter um vasto leque de escolha. À última hora decide-se por
engenharia.
Sai da
Madeira e vai estudar para a Universidade de Coimbra onde se forma em Engenharia Civil.
Não
obstante, hoje, e na maior parte do percurso profissional, pouco exerce a
formação obtida. Actualmente é gestor. Diz que esta situação é um pouco reflexo
dos novos tempos, onde as pessoas têm de se adaptar e corresponder às
exigências do mercado.
Depois de
terminar o curso, começa logo a trabalhar no Funchal em 1983. Nem faz férias.
O 1.º emprego
Entra para o
departamento de Águas na Câmara Municipal do Funchal em virtude se ser necessário
um engenheiro para esta área.
Além disso,
Jorge Pereira, na licenciatura, faz a opção de hidráulica.
Fica no
município durante cerca de um ano até que, a certa altura, lê no Expresso que o
Instituto Superior Técnico vai fazer um curso de mestrado em hidráulica e
gestão de recursos hídricos.
Mestrado
Não pensa
duas vezes e decide fazê-lo. Os professores são convidativos. A maior parte vem
do MIT (Massachusetts Institut of Tecnologie), nos Estados Unidos da América.
Outros são de escolas nacionais.
Candidata-se.
É aceite. O município, à altura com o presidente Sá Fernandes, não quer que se
desvincule e concede um estatuto de bolseiro… que aceita.
Depois de um
ano a fazer o mestrado, já tem muito trabalho em Lisboa, em firmas de
consultores. Trabalha para a Hidrosistemas e Hidroquatro, para quem faz alguns
trabalhos interessantes. Alguns mesmo na área do petróleo para países
terceiros. Trabalha com a Partex e Epal.
Por isso
mesmo, tem a noção de que vai completar a tese de mestrado. Fica mais uns anos
em Lisboa.
Trabalhos internacionais
Ciente disso
contacta a Câmara Municipal do Funchal. Expõe tudo com clareza. Fica assente
que pode continuar e que, como contrapartida pela bolsa, faz um projecto para a
edilidade.
Quando
termina o mestrado, faz o projecto de abastecimento de água à zona Oeste de São
Martinho, que, feitas as contas, vale mais que o apoio dado pelo município. Mas
também reconhece que o município merece.
Durante o
tempo em que realiza o mestrado, desenvolve diversos trabalhos de investigação
que chegam a ser publicados em revistas da especialidade. Apresenta-os
igualmente em seminários e congressos.
Chega a ser
convidado para dar cursos de hidráulica na Universidade de São Paulo, no
Brasil.
É a altura
em que dedica especial atenção a este campo da engenharia.
Gestão
Para a tese
de doutoramento que espera fazer um dia, diz que deverá integrar uma componente
de gestão visto que o projecto inicial acaba por não ser muito propício, depois
de um grande interregno desde o final do curso. Não obstante, defende que um
doutoramento deve ser consubstanciado numa componente que demonstre que as
pessoas dominam a técnica científica ao pormenor e não uma mera compilação de
generalidades.
A política
Paralelamente
a este percurso, desenvolve, durante algum tempo, a actividade política. É
representante da Madeira na Comissão Política nacional da Juventude Social
Democrata.
Sr. deputado
E é na
qualidade de membro da JSD na Madeira que é candidato às eleições legislativas
para a Assembleia da República pelas listas do PSD. Está no penúltimo lugar da
lista da Madeira.
Mas, por
diversos factores, acaba por ir para o Parlamento, em virtude de outros à sua
frente na lista passarem a ocupar diversos cargos. Considera ter sido uma
experiência muito interessante.
Fica em São Bento durante cerca
de dois anos e meio.
Mas, antes
do final da legislatura, o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto
João Jardim, e o secretário regional do Equipamento Social, Jardim Fernandes,
convidam-no a ir para a comissão instaladora do Instituto de Gestão da Água.
No início,
por estar em Lisboa, sente alguma dificuldade em aceitar. Mas depressa
se apercebe que pode ser uma grande oportunidade. E um grande desafio. Volta
para a Madeira.
IGA
É presidente
da comissão instaladora e, depois, presidente do conselho directivo do IGA.
Mais tarde, passa a presidente do Conselho de Administração, como sociedade
anónima, com capitais exclusivamente públicos.
Quando lá
chega, a gestão da água está dispersa pelas câmaras municipais e uma parte na
Direcção Regional de Saneamento Básico.
Além disso,
os Quadros Comunitários de Apoio aí estão e há que concertar posições no
sentido de obter apoios para ampliar e melhorar a rede de captação e
distribuição de água. Além disso, é uma grande oportunidade de pensar um
projecto e de o realizar.
Desafio ganho
Na prática,
é feito o aproveitamento da via principal a partir da qual todas as ligações
secundárias se estabelecem. Consegue ser ligado o Aproveitamento de Fins Múltiplos
ao Funchal, é recuperado o aproveitamento dos Tornos e são criados sistemas de
furos entre Machico e Funchal. Tudo interligado.
Profissionalmente
considera um desafio ganho.
Há cerca de
um ano dedica-se à actividade privada. Muda para a presidência da Vialitoral, a
empresa que tem a concessão e cuida da via rápida que atravessa o litoral Sul
da ilha da Madeira entre a Ribeira Brava e Machico.
Bom senso
No
acompanhamento da formação e adaptação ao universo da gestão, Jorge Pereira
refere que tudo começa por uma questão de bom senso. A outra é saber ouvir o
cliente e perceber o que as pessoas esperam da empresa, além de pretender
conseguir sempre motivar todos quantos trabalham à sua volta.
Presentemente
trabalham directamente mais de 20 pessoas. Mas muitas outras trabalham para a
empresa em regime de contratação.
Jorge
Pereira não tem um tempo médio regular de trabalho por dia. Adapta-se às
exigências.
No domínio
do relacionamento das novas tecnologias, como a Internet e o correio electrónico,
não têm segredos para si.
Sabe
trabalhar bem com alguns programas e já chegou a programar em Fotran e Basic.
Chega a desenvolver para a tese de mestrado um programa em Fotran 77 já
bastante completo.
Andar a pé
Jorge
Pereira lê muitos jornais e, por vezes, interessa-se por livros da área de
formação da mulher. Interessa-se por livros sobre a Inteligência Emocional.
Nos livros
não se preocupa em ler de princípio ao fim. Por vezes, passa na diagonal por
algumas partes menos interessantes.
Ao nível da
gestão, também lê obras nessa área. Área em que tem feito alguns cursos.
Nos
“hobbies”, Jorge Pereira gosta muito de passear pelas levadas e veredas da
Madeira. Quase todos os fins-de-semana anda pelas serras da ilha. Tem uma
especial atracção pelo Paul da Serra.
Ainda gosta
de nadar. Foi nadador na Madeira e chegou a nadar pela Académica de Coimbra.
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