João Brazão

Da ideia da F1 à Promosoft

Queria ser técnico de F1. Mas convulsões no Técnico despertam para o mundo da informática aplicado às empresas.
Estuda gestão, em ausência de um mercado da nova ferramenta.
Há 15 anos criou a Promosoft, uma empresa de referência do sector.


João Brazão nasce na Madeira. Faz todo o percurso escolar em instituições no Funchal.
Quando chega a altura de tirar um curso superior, vai parar ao Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Desde cedo que nutre um gosto especial pelos automóveis. O seu sonho é poder, mais tarde, ir para Londres e ser técnico de Fórmula 1.
Por essa altura, num país a dar os primeiros passos na democracia, existe um ambiente quente na universidade. Resultado: encerra depois de ocupada.
João Brazão não dá o incidente por tempo perdido naquele primeiro ano. Antes fá-lo despertar para uma realidade que nunca o havia atraído: a informática, que é a única área com acesso na faculdade. Isso leva-o a perceber que, em termos profissionais, é o caminho que quer seguir.
Contudo, o mundo dos computadores não tem a dimensão que hoje conhecemos. Os que existem são poucos e muito grandes. Só poucos têm acesso às suas maravilhas. Daí que não exista cursos de informática em Portugal.
Coloca de parte o curso de engenharia mecânica.
Apercebe-se de que entre o gosto de ser ténico e ter jeito há um fosso a separar.

O curso de Gestão

Começa a tirar o curso de Gestão de Empresas. Na sua mente está a noção de que, com este curso, pode mais depressa dar sequência ao desejo de enveredar pelo mundo da informática aplicada às empresas. E tanto assim é que, ainda a estudar, começa a desenvolver “software”. A curiosidade e o desejo inicial tornam-se em paixão.
Os primeiros trabalhos são feitos para laboratórios de análises clínicas em Lisboa.
Pouco tempo depois, cria uma empresa com um amigo, a qual ganha o trabalho para desenvolver um plano director de informática para a então Caixa Económica do Funchal, que, mais tarde, dá lugar ao Banif — Banco Internacional do Funchal.
O novo projecto dá desenvoltura à empresa e à criação de uma equipa na instituição bancária.
Terminado o primeiro trabalho, volta a ser contratado para ser consultor externo durante vários anos na montagem do sistema de informação.

Criada a Promosoft

A vida evolui e, há 15 anos, decide criar a Promosoft. Na altura, o conjunto de pessoas que trabalham na informática na Caixa sai para se associar ao projecto de desenvolvimento de “software” bancário.
Hoje, a Promosoft é um conjunto de seis empresas, todas elas direccionadas para as tecnologias de informação. A Promosoft é uma empresa média nacional com fortes ambições de crescimento nas maiores do país.
Na prática, está presente em três grandes áreas de negócio: desenvolvimento de soluções para a indústria financeira (que está na origem da criação da empresa-mãe); gestão e manutenção de infra-estruturas (recentemente a empresa adquire a Luma para esse efeito) e ainda o desenvolvimento de “software” à medida e produtos e serviços genéricos.
No domínio da gestão e manutenção de infra-estruturas, a Promosoft é responsável pelo suporte de serviços muito conhecidos no país como as 6.500 máquinas de jogo espalhadas por Portugal onde se regista o Totoloto e igualmente pelo sistema de reservas Galileo das agências de viagens. Isto para além do suporte a bancos, como acontece com os balcões do BCP e do Banif.

300 colaboradores

No conjunto de empresas, trabalham cerca de 300 colaboradores e é esperado este ano um volume de facturação na ordem dos 17/18 milhões de euros.
As empresas que João Brazão lidera têm clientes espalhados por todo o Mundo, nomeadamente do mundo lusófono, como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor. Como denominador comum, quase todos são instituições financeiras. Curiosamente, as instalações da Promosoft na Madeira concentram os colaboradores que trabalham no desenvolvimento de “software” para esses mercados.
Sublinhe-se que a empresa está baseada em Lisboa, embora a sede fiscal esteja na Madeira, onde estão cerca de 50 colaboradores a trabalhar no desenvolvimento de “software”, na área administrativa e financeira, e ainda os técnicos que dão suporte na ilha às máquinas de jogo, ao sistema Galileo e ainda ao Banif.
O grosso da empresa está em Lisboa.

Opções

Em tempos houve o projecto de criar um edifício novo para a sede na Madeira, mas surge, entretanto, a oportunidade de comprar uma nova empresa para ampliar a dimensão do grupo. A prioridade foi essa. O terreno onde ia ser construído acaba mesmo por ser vendido.

Dia-a-dia preenchido

João Brazão tem um dia-a-dia preenchido. A ocupação varia ao longo do ano. Por vezes, além da vida empresarial, é convidado a proferir conferências no estrangeiro, como aconteceu recentemente, com uma deslocação aos Estados Unidos da América.
Hoje em dia, o empresário da informática tem de dividir ainda a vida laboral com o apoio directo aos filhos. Uma tarefa que divide com a mulher. Por isso, começa o dia cedo e termina quando pode ser. Sempre que pode, vai a casa almoçar, altura em que aproveita para fazer o passeio diário obrigatório de cerca de uma hora.
Não obstante, com o passar dos anos, quase que trabalha mais em casa do que na empresa. Tem tudo montado em casa para trabalhar como se estivesse no escritório. Inclusivamente, tem tudo preparado para fazer videoconferência com os colegas. E a razão de querer ficar em casa tem mais a ver com a noção de ser mais produtivo.

Gosto mantém-se

Ainda hoje, João Brazão continua interessado no mundo dos automóveis. Hoje, o gosto pela Fórmula 1 esbateu-se mais, embora goste de ver pela televisão.
Agora, nutre um gosto especial pelos ralis, e, inclusive, chega a fazer alguns. Tenta acompanhar os ralis e ver F1. Mas, se não tem ocasião de ver na altura, não grava para ver mais tarde, por manifesta falta de tempo.
O tempo disponível que tem, dedica-o à leitura, a andar, altura que aproveita para ouvir música e igualmente acompanha os filhos.
João Brazão lê muita informação através do suporte digital. Cerca de 2/3 lê nas “newsletters” que recebe e nos diversos “media” “online” disponíveis.
Quanto a jornais físicos, opta pelos de economia, tanto nos diários como nos semanários.
Em matéria de férias, tenta fazer duas vezes por ano, o que, normalmente, tenta associar a uma viagem profissional.
2003-11-21

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