Graça Luís


Uma “engenheira” no turismo


“I like people”. Esta frase sintetiza a vontade inesgotável de Graça Luís, actual conselheira técnica do secretário do Turismo.
Tira um curso de Turismo e cedo começa a sua carreira no Sheraton, em Lisboa. Passa pelo Alfa, pelo Meridien e regressa à Madeira para trabalhar com a Sheraton. Muda para o grupo Pestana e trabalha na Windsor antes de entrar para a Secretaria do Turismo.

Graça Luís nasce na Madeira. Termina o sétimo ano (actual 11.º ano de escolaridade) no final da década de 60 na área de ciências. Alimenta o sonho de cursar engenharia química.
No último ano, fica com Matemática e Física para fazer em Outubro. Mas, tal como muitos colegas do seu ano, não consegue passar em Filosofia. Resultado: tem de repetir o ano. Para não se atrasar muito, ainda faz as cadeiras que faltam.
Contudo, há muito que gosta de contactar com as pessoas. Parafraseando alguém, diz sem pestanejar: “I like people”, um gosto que ainda acontece hoje em dia.
Pensa então fazer um curso de Turismo em Lisboa. Os pais vivem na capital. A mãe é voluntária no Instituto Português de Oncologia.
Algum tempo depois de começar o curso, os contactos da mãe acabam por abrir as portas do mundo da hotelaria e do turismo a Graça Luís. Uma das suas amigas, casada com um médico madeirense, fala que no hotel Sheraton, em Lisboa, estão a precisar de pessoas para a área de restauração.

A Sheraton

Como estuda turismo, considera a oportunidade aliciante. Vai a uma entrevista. Consegue ser aceite.
Começa a trabalhar no “coffee-shop”. Considera que lhe dá uma grande experiência. Aprende todos os segredos da área. Além disso, aprende a ser organizada. Ali fica cerca de um ano e meio.
Dentro da própria unidade, muda para a secção de telefones. Aproveita uma vaga que surge.
Entretanto, termina o curso nas Novas Profissões.
Depois passa para a recepção.
Dá-se o 25 de Abril. Algum tempo depois começa a obrigatoriedade de trabalhar à noite. Todos têm de fazer uma noite por semana.
Graça Luís não gosta. Fica cinco anos na recepção. Chega a ser supervisora de recepção, com a designação na cadeia hoteleira internacional de “front-office superviser”.

Coordenadora de grupo

A dada altura é convidada pela directora comercial, Isabel Melo e Castro, uma profissional que considera ter sido a melhor na sua área jamais existente em Portugal. Reconhece que é uma profissional com quem aprende imenso.
É convidada para ser coordenadora de grupos. Está em contacto directo com grande parte dos departamentos do cinco estrelas de Lisboa.
Assiste com frequência às reuniões que Isabel Melo e Castro faz. Aprende cada vez mais.
Em 1981, Isabel Melo e Castro é convidada para o hotel Alfa, em Lisboa. Leva consigo Graça Luís, que passa a ser executiva de vendas. Faz toda a promoção da unidade.

Acções promocionais

Começa a sair do país para vender as camas do hotel. Vai a Espanha e a outros países. As feiras de turismo começam a contar com a sua presença e realiza inúmeros contactos porta a porta.
De um momento para outro, Graça Luís dá por si na área comercial e marketing.
Fica três anos no hotel Alfa, que nunca chega a abrir totalmente.
Entretanto, Isabel Melo e Castro sai. É substituída por um novo director de vendas.
Em 1984, o director é convidado para o hotel Meridien, em Lisboa, como director comercial. Leva consigo Graça Luís como assistente. Ali fica cerca de cinco meses.

Regresso à Madeira

Em Agosto desse ano, António Alves, que a conhece no Sheraton, em Lisboa, convida Graça Luís para vir para a Madeira para ser directora comercial do Madeira Sheraton. De pronto aceita. É o regresso à ilha. E à cadeira que reconhece ter aprendido muito.
Em 1988, Graça Luís é considerada a melhor directora de vendas do ano para Europa, Médio Oriente e África para a cadeia Sheraton. Recebe o prémio em Maio daquele ano, na cidade italiana de Roma. É uma surpresa que tem durante o jantar, quando houve chamar o seu nome. Com sinceridade, diz que não está à espera e sente-se surpreendida.
Já na Madeira, a dada altura, o director-geral da unidade de cinco estrelas questiona os chefes de departamento se querem continuar a trabalhar na Sheraton ou se preferem optar por mudar e passar a trabalhar com Dionísio Pestana, que começa a crescer na hotelaria. Opta por Dionísio Pestana.

O grupo Pestana

Graça Luís, na altura, ainda é casada. No seu segundo casamento. Hesita na decisão. Mas hoje arrepende-se. Arrepende-se de não ter seguido com a cadeia Sheraton mais algum tempo. Se assim fosse, tinha de sair da Madeira.
Apesar de optar por ficar com Dionísio Pestana, para não beliscar o casamento, algum tempo depois acaba por se divorciar. Quando tal acontece, o arrependimento ainda sobressai mais.
Graça Luís diz que o trabalho no departamento comercial de um hotel exige estar quase todo o tempo ocupada com aquela área.
Entretanto, Dionísio Pestana compra o actual Pestana Carlton Park hotel. Graça Luís fica com os dois hotéis.

Directora comercial

O grupo cresce. Graça Luís passa a directora comercial e de marketing de área do grupo Pestana.
Em Setembro de 1996 recebe a “Medalha de mérito turístico” do Governo Regional da Madeira.
A dada altura dá consigo cansada de viagens em trabalho, embora goste de o fazer.
Considera que deve mudar para a operação no seio do grupo. Fala com Dionísio Pestana e questiona a hipótese de entrar mais na parte operacional dos hotéis.
O empresário dá-lhe essa oportunidade. Proporciona a Graça Luís a ida, durante anos seguidos, à Universidade de Cornell, nos Estados Unidos da América, considerada uma das melhores do Mundo ao nível de gestão e turismo. São três semanas em 1996 e outras tantas em 1997. Constituem um complemento a outros tantos que tira durante a sua carreira, como o curso de graduação em direcção hoteleira que tira na Madeira.

Casino da Madeira

Quando chega a altura de passar para a operação, surge a oportunidade do Casino da Madeira. Contudo, esquece-se de que não gosta muito da vida nocturna. Sai à noite, mas não se sente bem quando se prolonga pela madrugada.
E o Casino da Madeira, apesar da grande experiência profissional que proporciona, obriga a ficar a trabalhar para além do que o seu organismo aguenta. A experiência de Lisboa, só com uma noite por semana de serviço na recepção, deixa marcas.
Além disso, como não fuma, defronta-se com o ambiente das noites animadas, que são sinónimo de muitos cigarros fumados.
Fica dois anos como directora de operação do Casino da Madeira. Considera ter sido uma experiência excelente.

Agência Windsor

Dois anos depois, surge a oportunidade de ir para Lisboa ou para outra unidade do grupo mais longe. Como acaba de comprar casa na Madeira, as alternativas não a cativam. É então que volta a falar com Dionísio Pestana.
Chegam a um bom entendimento. Graça Luís deixa o grupo.
Surgem várias hipóteses de trabalho. As agências de viagens estão em primeiro plano.
É então que surge Willy de Sousa, da agência de viagens Windsor. Convida-a para directora comercial. Entra na Windsor a 1 de Maio de 1999. Ali fica durante cerca de dois anos.

No Turismo

Um dia, ainda na Windsor, chega da IBTM, em Genebra. Numa oportunidade, fala com o secretário regional do Turismo, João Carlos Abreu, e com o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim. Diz que a Madeira precisa urgentemente de ter um “Convention Bureau”, tal como todas as cidades do Mundo têm. Salienta que, para concorrer a determinados nichos de mercado, é imprescindível ter um órgão com aquelas características.
João Carlos Abreu convida Graça Luís. Diz que, enquanto não é decidida a criação do “Convention Bureau”, Graça Luís passa para a Secretaria Regional do Turismo e Cultura como conselheira técnica do governante para congressos e incentivos. Abre, assim, as portas para o futuro.
Hoje, percorridos alguns anos, diz, sem mágoa, que, apesar de não ter cursado a engenharia química que os sonhos da juventude alimentaram, fez e está a fazer o percurso certo.

Reconhecimento

Reconhece que grande parte do que sabe hoje se deve a Isabel Melo e Castro, à cadeia Sheraton e a Dionísio Pestana, que diz tê-la apoiado sempre e de quem muito gosta e por quem tem uma grande admiração.
Graça Luís diz que gosta muito do que faz e reconhece que muito mais pode ser feito. Por isso está sempre pronta para desafios.
Mas, apesar de estar sempre pronta para trabalhar, Graça Luís sente necessidade de, por vezes, estar sossegada em casa. Gosta de ouvir música. Música clássica e latino-americana.
Também lê, mas não tanto quanto como ouve música.
Nas horas de lazer, quando está na Madeira, não dispensa a ginástica semanal, que lhe faz bem ao corpo e à mente. Para o trabalho vem e vai a pé.
Actualização
No domínio da actualização lê todas as revistas da especialidade que chegam ao Turismo.
Na Internet, conhece associações e entidades ligadas a congressos e incentivos. Lê muito para saber como está o Mundo na sua área.
E, quando sai para o estrangeiro, vai a livrarias e compra as últimas novidades na área dos congressos e incentivos.

“Vice” no Marítimo

Graça Luís é apreciadora de futebol. Durante cinco anos chega a ser vice-presidente do Club Sport Marítimo, no tempo em que Rui Fontes é presidente da direcção.
O papel que desempenha na direcção do clube do Almirante Reis começa numa casualidade. A caminho da ITB, em Berlim, numa ligação via Porto, encontra a bordo a equipa do Marítimo e a direcção.
A dado momento, José Alberto Vasconcelos, que ainda é seu primo, diz que vão ocorrer eleições no clube. E precisam de um vice-presidente para as relações internacionais.
Graça Luís diz que, na altura, vai para a ITB, e só pensa na feira de turismo de Berlim. Só depois, no regresso, dá uma resposta.
Assim que chega à Madeira, aceita o desafio. Dessa altura guarda grandes conhecimentos, como acontece, por exemplo, com o presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa, alguns presidentes do Sporting, outros do Benfica, como Jorge de Brito, presidente de então do Boavsita, Valentim Loureiro, árbitros e muita gente ligada ao mundo do futebol.
Hoje já não está na direcção do clube. Tal como sempre, continua a pagar as suas quotas. Vai ao futebol, mas já não se aborrece com as contrariedades dos jogos.
Fora da Madeira é do Sporting.
Além do futebol, aprecia grande parte dos outros desportos, onde as excepções são as lutas.

Internet e “e-mail”

Graça Luís é adepta das novas tecnologias. É utilizadora frequente do correio electrónico como ferramenta de trabalho privilegiada. A Internet, também a utiliza. Neste sentido, diz que os dois são imprescindíveis.
A nível do trabalho chega sempre cedo ao escritório. Metódica, Graça Luís tem o seu trabalho organizado. Quando é necessário, fica a laborar para além do horário. 

2003-01-03

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