Francisco Pereira da Silva


O hoteleiro da qualidade

Francisco Pereira da Silva é uma referência no panorama turístico madeirense. Fez escola no grande e prestigiado Savoy de Londres.
É na capital inglesa que recebe um convite para regressar à Madeira. Querem que abra o então Casino Park Hotel, onde acaba por trabalhar 12 meses.
Depois lança-se em negócios próprios.
Prepara-se para abrir uma nova unidade hoteleira. De cinco estrelas, em Santa Cruz, mesmo junto ao mar.


Depois dos estudos concluídos na Madeira vai para a Alemanha, onde tem um irmão. A ideia é estudar arquitectura.
Mas as coisas não se conjugam e o regresso é dado como certo.
Na vinda passa por Basileia, na Suíça. O país entusiasma-o. Adia o regresso.
Ali vê um mar de oportunidades na hotelaria. Muda de ideias e, agora, a sua intenção é fazer um curso de gestão de hoteleira. Às suas custas. O que não é fácil.

A hotelaria

Entretanto começa a estagiar num hotel onde dorme no topo da unidade.
Surge a oportunidade de ir cobrir o mundial de futebol em 1966, que decorre em Inglaterra, ao serviço de uma estação de televisão brasileira: a RBS - Rede Brasil Sul. Consegue amealhar algum dinheiro. Regressa à Suíça e paga o curso.
Fica na Suíça durante nove anos, onde reconhece existir uma escola de turismo fabulosa.
Segue para o Lausane Palace. Começa por ser chefe de recepção.
Mas, apesar do entusiasmo inicial, o seu gosto é sair do país e descer no mapa. Vir para um país mais quente, a sul, ou mesmo para a sua terra natal.

A hotelaria à vista

Entretanto, surge um convite de Londres. E melhor que isso, para trabalhar no reputado Savoy.
Por isso mesmo, admite que é uma honra ser convidado para trabalhar no Savoy. Decide, por descargo de consciência, passar por Londres. Não perde nada.
Assim faz. Encontra uma cidade com um tempo lindo. No aeroporto apanha um táxi. Segue direito para o cinco estrelas de luxo, implantado no coração de Londres.
As primeiras impressões são excelentes. Fica bem impressionado. De pronto é recebido pelos quadros do emblemático hotel. Dizem que estão interessados nos seus préstimos. São transmitidas a Francisco Pereira da Silva as condições para o caso de querer aceitar o trabalho. Tem três dias para reflectir. Contudo, quase nem precisa de tanto tal o encanto que lhe oferece o hotel.

Começo no Savoy

Uns dias depois começa a trabalhar no Savoy como “front-office” manager.
Seis meses depois já é director-geral assistente.
Fica seis anos e meio naquela que considera ser uma “catedral” do mundo do turismo, tal a história, o peso e o passado do hotel, que abre em 1889. Trata-se de uma unidade lançada por um grande empresário do teatro inglês. A sua ideia, na altura, é construir a unidade mais moderna da Europa. E consegue. Até tem elevadores, quando nenhum outro se pode orgulhar de poder transportar os clientes para os diferentes andares com o simples premir de um botão.
Além disso, o restaurante Cabaret, tem um palco que sobe e desce hidraulicamente. Constitui um grande feito para a época e para os longos anos em que impressiona a requintada clientela.

Hotel de prestígio

Ao longo dos anos o Savoy vai cimentando a sua fama e prestígio. Por isso é procurado por figuras públicas. Uma delas é Frank Sinatra que consegue ficar hospedado sem ser incomodado, tal como acontece a muitas outras que, muitas vezes, aliado ao conforto, privilegiam as unidades que zelam pela sua segurança e privacidade.
Outras figuras públicas passam por lá como Charlie Chaplin, Pavarotti, Noel Coat, que procuram sempre o mesmo quarto no hotel. Hotel que tem áreas para guardar igualmente toda a indumentária para as futuras passagens dos famosos clientes.

Convite ilhéu

No meio de toda esta actividade que absorve cada vez mais Francisco Pereira da Silva, empresários com interesses na hotelaria madeirense vão a Londres tentar sensibilizá-lo a vir trabalhar para a nova unidade que se preparam para abrir no Funchal.
Deste modo, chega uma altura em que é convencido e deixa o seu Savoy. Vem à Madeira fazer uma experiência de trabalho por três anos. A sua missão é abrir o Casino Park Hotel (actual Pestana Carlton Park) que, na altura em que abre, 1976, é o maior hotel de cinco estrelas não só da Madeira como de todo o país.

A influência

E se nunca mais volta para trabalhar em Londres em muito se deve a José Barreto, um dos proprietários do cinco estrelas projectado pelo arquitecto Oscar Niemeier. Os três anos são longos. Até hoje.
Contudo mantém uma relação muito estreita com as gentes do Savoy londrino. Uma unidade que muito o influencia e marca.
Não obstante reconhece que não é fácil resistir à tentação de regressar, sobretudo depois de mais de 15 anos a viver fora da Madeira.
Francisco Pereira da Silva acaba por ficar no Casino 12 anos.
Abre o hotel. Mais tarde o Casino da Madeira e toda aquela estrutura envolvente.
Enfrenta os problemáticos anos que sucedem ao 25 de Abril e a consequente instabilidade.

A Mesa de hotelaria

Inclusivamente, é presidente da Mesa de Hotelaria da Associação Comercial e Industrial do Funchal - Câmara de Comércio e Indústria da Madeira. Um cargo que ocupa durante mais de nove anos.
Consegue arrumar a “casa” no turismo insular. Tem como colegas Rui Dias (Savoy) e Richard Blandy (Reid’s), com quem mantém reuniões com o sindicato de hotelaria. O diálogo não é fácil.
Não obstante diz que sempre mantém um relacionamento cordial com o presidente do sindicato de então Leonel Nunes.
Nessa altura existem algumas greves pelos hotéis da cidade. No Casino consegue mantê-las à margem. O seu comportamento de falar sempre no plural, no trabalho de equipa faz com que haja um bom ambiente.

Mercado de incentivos

Quando abre o Casino, a média de idade é de 22,7 anos.
A clientela é para cima da meia-idade.
É no seu tempo que procede aos primeiros incentivos. No mercado de incentivos chega a ter cerca 700/800 e, por vezes, mais de 1000 turistas norte-americanos por semana.
São pessoas ligadas à IBM que vêm com os próprios aviões fretados. Isto numa altura em que as condições do aeroporto estão longe de corresponder às que hoje existem.
Recorda-se do tempo em que o cliente vem com pensão completa. É o tempo em que alguns se vestem a rigor para jantar, mesmo com smoking. Hoje diz ser melhor nem dizer como se vestem.

Restaurantes

Nessa altura abre a Casa Velha. Um restaurante situado mesmo à porta do hotel onde trabalha. É uma unidade muito vocacionada para o turista.
Depois abre um outro, o D. Amélia. São restaurantes que ainda hoje os mantém. O seu lema é oferecer, acima de tudo, um serviço de qualidade. Entende que é aí que está a diferença.

O catering

Posteriormente entra no catering, para o fornecimento de aviões. Hoje tem a Gate Gourmet Madeira - Sociedade de Catering Lda.. É a única empresa que fornece refeições às companhias de aviação que escalam a Madeira.
Inicialmente surge a Aerochef, uma empresa escandinava, que se associa ao empresário madeirense para abrir na Madeira uma empresa de catering. Entretanto, é comprada pela Gate Gourmet, por parte do Grupo Swissair, que hoje em dia são sócios de Francisco Pereira da Silva.

Um novo hotel

A juntar a estes negócios, o hoteleiro prepara-se para abrir uma nova unidade hoteleira de pequenas dimensões em Santa Cruz.
Trata-se do Albatroz - Beach & Yacht Club , que nasce na antiga quinta do dr. Américo Durão, situada junto ao mar.
Já antes explorava a quinta, mas, depois de adquirir o imóvel, decide construir uma pequena unidade com 15 quartos e duas suites. Dentro de pouco tempo vão ser adicionadas mais cinco suites na casa-mãe, a casa original da quinta.
São quartos decorados com simplicidade mas com grande qualidade, com muito espaço e um bom pé direito
No cinco estrelas tem, neste momento, uma estrutura considerável.
Pretende abrir a unidade ainda este ano.

A Internet

Uma das suas grandes apostas com a unidade é servir igualmente o mercado local com funções especiais como casamentos, baptizados e cocktails. Tem uma sala de jantar com capacidade para 400 pessoas e mais uma sala polivalente com capacidade para 100 pessoas.
Quando abrir vai ter uma página na Internet, com possibilidades para efectuar reservas.
Inclusivamente, para os seus restaurantes, já tem reservas feitas por esta nova ferramenta para os próximos tempos, nomeadamente no fim-do-ano.
Neste momento está novamente na fase de pré-abertura, a tratar de tudo tal como o fez há cerca de 26 anos com a abertura do actual Pestana Carlton Park. Curiosamente, depois de conseguir abrir a unidade disse que nunca mais se meteria noutra. Mas o tempo acabou por fazer esquecer e lá está de novo com um projecto idêntico, embora de dimensões mais reduzidas.
Hoje em dia, Francisco Pereira da Silva concentra o seu tempo pelos diferentes negócios. Pela Gate Gourmet viaja muito, a que se juntam outras viagens que gosta de fazer.
Faz parte do conselho directivo da EMA e é delegado para Portugal da associação.
Francisco Pereira da Silva joga ténis durante alguns anos mas, com o passar dos anos, encontra um desporto mais calmo para praticar nos seus tempos livres.
No Verão chega a jogar três a quatro vezes por semana. É sócio dos dois campos de golfe existentes na Madeira. 

2002-09-20

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