Celina Neves


No Turismo com prazer

Celina Neves. O gosto pelo Turismo surge cedo, com os autocarros que passam cheios de turistas. As línguas ampliam este interesse. 
Tira um curso em Glion e passa por diversas unidades. Hoje é directora do hotel Jardim do Atlântico. 

por: Paulo Camacho


Celina Neves nasce no Funchal. Aos dois anos passa a viver no Faial, em Santana, no norte da ilha.
Estuda os primeiro e segundo anos de escolaridade (actuais quinto e sexto) no Porto da Cruz, no salão paroquial, que fica na cave da igreja.
Conhece o padre Oliveira, professor de Francês, que a deixa fascinada. A língua que aprende desperta-a ainda mais para o mundo e para as línguas estrangeiras. Um mundo de outras pessoas que começa a descobrir quando vê passar os autocarros cheios de turistas. Um mundo que alimenta os sonhos.
É a melhor aluna da escola.
Continua os estudos em Machico. Mais tarde vem para o Funchal estudar Letras.
Entre outras matérias aprende Alemão. Mais uma língua que a alegra.

Estágio no Madeira Palácio

Celina Neves quer estudar mais. Mas os pais não têm possibilidade de o proporcionar.
Opta por um curso profissional. Quer ser Guia Intérprete. Mas, nesse ano, não há.
Não perde tempo. Faz o curso de Recepção e Secretariado. Como é das melhores alunas, assim que o termina, em 1981, estagia no cinco estrelas Madeira Palácio. Por ali fica três meses. Na altura, Urbino Rebelo, actual director do hotel, é assistente de direcção.
Diz-lhe que quer aperfeiçoar a língua alemã. Para tal, quer sair e ir para o hotel Dom Pedro, em Machico, que recebe muitos alemães, ao contrário do hotel do Funchal, que trabalha mais com ingleses.
E assim acontece.
Trabalha e dorme no hotel de quatro estrelas implantado na baía de Machico.
Vem para o hotel Quinta do Sol, no Funchal. Trabalha com o sr. Bianchi.

Curso em Glion

A dada altura, Celina Neves vê um anúncio no Diário de Notícias, para bolseiros na Suíça, para um curso de Gestão Hoteleira. Fica entusiasmada. Fala com Gouveia Fernandes, chefe de recepção, para saber a sua opinião. De pronto ouve os maiores incentivos. Da parte do então noivo ouve igualmente os maiores incentivos.
Faz os testes necessários no consulado alemão e segue para a Suíça, para fazer o Curso de Gestão Hoteleira e Turismo. É a primeira vez que sai da Madeira.
Estranha os primeiros tempos. Sente, sobretudo, a falta do mar.
Durante o curso, no Verão, faz estágios em unidades francesas no sul de França. No primeiro trabalha na cadeia Lucien Barriere, em Cannes, na Cote d’Azur, como governanta. É um hotel frequentado por árabes.

Estágio no Reids

No segundo ano faz um estágio na Madeira, no Reid´s, no controlo de comidas e bebidas.
Depois de alguma dificuldade inicial, consegue terminar o curso em 1985, feito em francês, depois de dois anos e meio. Considera que fica com uma mente mais aberta. É a primeira madeirense a fazer o curso de Gestão Hoteleira em Glion. A sua especialização é Gestão Financeira.
Regressa à Madeira.
Entra na escola de hotelaria, onde dá formação. Por ali fica cerca de dois anos, altura em que aproveita para ser mãe, porque sabe que a hotelaria é muito absorvente. E, quando regressar aos hotéis quer estar, como em tudo na vida, a 100%.
Sente saudades dos hotéis.

O Grupo Pestana

Algum tempo depois está de regresso.
Começa a trabalhar no Grupo Pestana, no departamento financeiro, como secretária do director desta área, um austríaco que actualmente é dono do hotel Vila Opuntia, no Caniço de Baixo.
Mas sente o desejo de ir para a operação.
Durante a semana trabalha no departamento financeiro e, uma a duas vezes por mês, fica responsável pela ocupação do hotel. Inclusivamente dorme na unidade. Trabalha no Casino Park, que considera, na altura, uma escola. Tem a possibilidade de encontrar bons directores que lhe permitem passar da teoria à prática e encontrar uma filosofia de grupo enraizada nas directivas de Dionísio Pestana.

Uma abertura, sozinha

Com a saída do director financeiro passa a subchefe de recepção.
Contudo, o antigo director de departamento convida-a para fazer a abertura do novo hotel. Deixa o Grupo Pestana. E deixa igualmente de dar aulas de Turismo no ISAL.
Fica na nova unidade durante três anos. Durante este período dá cursos de formação.
Até que surge o convite para fazer a abertura de uma unidade, sozinha, na Quinta do Estreito. Lá fica nove meses. Tem o privilégio de receber os primeiros hóspedes.
Entretanto, quer viver no campo. O desejo da pureza dos seus tempos de meninice sobressai.
Tal como sempre faz, com excepção da Quinta do Estreito, onde é convidada por João Rodrigues, ao ver um anúncio no jornal da especialidade Publituris a mencionar que o hotel Jardim Atlântico precisa de um director, fala com Udo Bachmeier, proprietário da unidade. Poucos dias depois está a trabalhar no hotel, nos Prazeres. Já lá está há cerca de quatro anos. Vive na Ponta do Pargo.
Celina Neves trabalha intensamente, dez a 12 horas por dia. Os fins-de-semana, normalmente, são passados em família.

Nadar, andar e a família

Celina Neves tem como “hobbies” nadar, no mar, o que faz, na maior parte das vezes, no Porto Moniz. Também gosta de andar a pé pelas levadas e veredas da ilha, de cozinhar e de estar com a família. Ler não é das coisas que mais aprecia. Mas já gosta de cinema e de dançar.
Gosta igualmente de fazer férias. Mas não as planeia. Faz férias quando sente necessidade disso. Contudo, no Verão, faz férias, nem que seja de uma semana, sempre em família.
De resto, procura conciliar com as feiras, onde mantém a sede de conhecer mais as pessoas locais e aprofundar conhecimentos. Conhecimentos que estão sempre consigo quando está hospedada num hotel qualquer. Procura sempre algo de novo que possa vir a aplicar na unidade que dirige.

A Internet como ferramenta

Celina Neves trabalha com a Internet e com o correio electrónico desde que surge no mercado. Considera-as ferramentas que não dispensa diariamente.
No domínio da actualização dos conhecimentos, aproveita o contacto, que faz questão de concretizar com os clientes da unidade de quatro estrelas onde trabalha. Além disso, vai a muitas feiras e participa em formações e cursos temáticos.
Presentemente, Celina Neves tem 60 pessoas a trabalhar sob a sua direção.

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