Jorge Veiga França
O professor que passou a gestor
Completa o Ensino Secundário e o Curso
Complementar dos liceus no Liceu de Jaime Moniz (hoje Escola
Secundária Jaime Moniz, em 1974. O ano da revolução de Abril.
Está na hora de pensar no curso
superior. Mas o rebuliço resultante da mudança de regime em
Portugal faz com haja uma proibição de entrada de novos alunos nas
universidades no ano lectivo 1974/75.
Em finais de 1974 vai para Lisboa fazer
companhia à irmã, um ano mais velha. Para não ficar sem fazer nada
vai para a IBM. Fazer um curso de operação e programação de
computadores. Consegue terminá-lo até ao final do ano lectivo. É
uma altura em que pouco se fala de computadores.
As novidades para a universidade
continuam a não existir.
Até que os pais, por diversos
conhecimentos na embaixada da Áustria em Lisboa, conhecidos de
outros da embaixada da Bélgica, tenta convencer Jorge Veiga França
a ir estudar para a Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.
A Bélgica
Por outro lado, a maior parte das
universidades europeias já não aceita alunos para o ano lectivo
seguinte, a não ser que passe no exame de admissão. É o caso da
Universidade de Louvain.
Assim acontece. A ideia inicial é
estudar engenharia. Vai com o primo, o eng. Pedro Ferreira.
Quando lá chega encontra mais de 100
portugueses que lá estão com o mesmo intuito.
Mas o ensino na Bélgica é muito mais
avançado. Nenhum candidato português consegue passar o exame de
admissão. Nem mesmo os que já frequentam em Portugal o primeiro ano
de engenharia em Lisboa.
Nesse sentido, a própria faculdade
organiza um programa e divide os estudantes portugueses por diversas
faculdades para fazerem o ano zero.
Faz o primeiro ano de Matemática só
para passar no exame. O que acontece. Depois de dois anos em
engenharia chega à conclusão que não está no curso certo. Quer
regressar à Madeira. Os pais demovem da ideia e dizem para encontrar
apoio na universidade. Assim faz. Até que chegam à conclusão que o
seu curso é o de economia. Por isso muda.
Conclui a licenciatura com distinção
em Ciências Económicas Aplicadas, no ano de1983, na Universidade
Católica de Louvain, na Bélgica. Nessa altura já conhece a futura
esposa. Belga.
Mas quer mais que o curso. Como tinha
média, continua a estudar.
Segue-se o mestrado. Um mestrado
denominado «Maitrise en Administration et en Gestion-Finances». É
feito no Instituto de Administração e de Gestão da Universidade
Católica de Louvain. Termina-o com distinção em Janeiro de 1985.
Na sua essência aborda a avaliação de empresas. O trabalho é
publicado, mais tarde, na revista economia portuguesa da Universidade
Católica. A pedido do professor Alfredo de Sousa.
Apesar de ter cartão de doutorando,
por dificuldade em financiar um doutoramento, nem chega a entrar no
programa.
E, por força dos estudos na Bélgica,
para além do curso e do mestrado, fica com um conhecimento
aprofundado das línguas portuguesa e francesa. Tem igualmente
fluência escrita e falada das línguas inglesa e espanhola, e alguns
conhecimentos de italiano e alemão.
Regresso à Madeira
Jorge Veiga França considera que é
hora de regressar à Madeira. Ajudar o pai nos negócios de família.
Entende que é o reconhecimento do muito que diz dever ao pai pelo
curso e mestrado conseguido.
Regressa já casado. E com os dois
filhos.
Mais tarde volta à Bélgica para
defender a tese de mestrado. Na casa dos sogros, recebe um telefonema
do professor Alfredo de Sousa. Director da Faculdade Nova de Lisboa.
Está interessado na sua colaboração na Universidade Católica no
Funchal. Quere-o como assistente para um curso que arranca na Madeira
nas cadeiras de Introdução à Economia I e II.
Deste modo, a partir do ano lectivo de
1984/85 desempenha várias tarefas de docência no curso de
Administração e de Gestão do Departamento do Funchal da
Universidade Católica Portuguesa. E ainda no Curso de Pós Graduação
PAGE organizado para gestores pela Escola de Pós-Graduação em
Ciências Económicas e Empresariais daquela instituição.
Considera uma experiência
interessante.
É também no ano em
que começa no ensino superior que inicia o trabalho nas empresas da
família. Em 1984 passa a ser subdirector das empresas familiares
"Veiga França & Co., L.da.” e “Veiga França (Vinhos),
L.da.".
A SDM
O presidente da Sociedade de
Desenvolvimento da Madeira, Francisco Costa convida-o em Setembro de
1987. Pede 15 dias para falar com o pai. Dá-lhe luz verde. Entende
que é uma forma de colaborar com o desenvolvimento da Madeira.
Deste modo aceita. Diz que quando
precisar, pede ajuda para as empresas familiares.
É assim que em Outubro, entra a tempo
inteiro. Como manager para os quadros da Sociedade de Desenvolvimento
da Madeira, acabada de formar, e que tem a concessão do Centro
Internacional de Negócios da Madeira (Zona Franca da Madeira).
Nesse tempo, a empresa ainda está
sediada no Pestana Carlton Park Hotel, no terceiro andar.
Todos têm de fazer um trabalho de
montagem e organização de uma empresa que dá os primeiros passos
na Madeira e que é inovadora no país.
Em 1989 sobe na empresa. Passa a ser
director comercial, com a criação deste departamento. Dois anos
depois acumula esta função com a de coordenador da SDM.
Os anos passam. Não muitos até que
Jorge Veiga França passa a ser director geral do Departamento
Comercial e de Marketing da empresa e Adjunto da Administracão para
Assuntos da União Europeia.
Em 1997 muda novamente. Nessa altura é
nomeado director delegado da SDM. A partir de Março do ano seguinte
acumula o cargo de vogal da Assembleia Geral da empresa.
No ano do século XX dos três noves é
Adjunto da Administracão da SDM.
Durante o período em trabalha na SDM
viaja pelo mundo inteiro a promover o Centro Internacional de
Negócios da Madeira. Desde o início que integra as campanhas de
marketing no país e no mundo.
De início houve um contacto mais
directo com os mercados. Ao mesmo tempo procura colocar a Madeira no
mapa. Enriquece igualmente culturalmente com a multiplicidade de
países que visita.
Mais tarde, a SDM passa a basear também
a sua acção em correspondentes em locais do mundo estratégico.
Experiência fora da SDM
Até que em 1999, em Outubro, deixa a
SDM. Ao fim de mais de sensivelmente 12 anos.
Decide mudar. Os negócios de família
já não existem e o CINM está a navegar em velocidade de cruzeiros.
É um projecto estabilizado.
Fala a Francisco Costa e, a partir de
Outubro de 1999, passa a ser director da empresa "NMIS - New
Madeira lnvestment Serviços, S.A.”. O novo desafio é
interessante. Entende que, com 42 anos é altura de partir para
outras experiências, colaborando ao mesmo tempo no sistema.
Jorge Veiga França refere que o novo
projecto vem permitir dar mais tempo para dar maior apoio aos filhos.
As deslocações que faz hoje em dia ficam-se pelos um/dois dias. Uma
realidade que pouco aconteceu durante o tempo em que está na SDM, em
viagens frequentes e por muito mais tempo.
Considera o importante o papel das
management company como potencial para a manutenção das empresas no
CINM. Entende que elas contribuem para manter a fidelidade do cliente
ao Centro.
E, tal como a própria SDM, a sua
empresa tem contactos e parcerias estratégicas espalhadas pelo
mundo.
Desde 1985, desempenha funções na
Cruz Vermelha Portuguesa, no Funchal. Inicialmente no Conselho
fiscal. Posteriormente no Conselho Consultivo.
De referir ainda que, entre aquele ano
e Fevereiro de 2000 foi consultor para Assuntos Europeus na
Associação Comercial e Industrial do Funchal-Câmara de Comércio e
Indústria da Madeira.
No domínio dos hobbies, Jorge Veiga
França tem um especial. Para além de gostar imenso de ler, tem um
especial: a genealogia. No último ano e meio andou a fazer um
percurso para trás para conhecer os seus antepassados. O trabalho
começa no arquivo distrital. Ali continua até chegar aos últimos
livros de registos dos casamentos. Mas só se consegue fazer a partir
de um certo ano do século XVI. Só a partir daí é que se registam
os casamentos convenientemente. Descobre, por exemplo, com a maioria
dos seus antepassados já na Madeira há muitos anos, pode
considerar-se um madeirense de gema.
A árvore geneológica
Depois passa para a internet.
Complementa a árvore geneológica.
Jorge Veiga França chega à 32ª
geração.
No fundo diz que está a estudar a
história da Madeira.
Dentro de algum tempo, Jorge Veiga
França tem intenção de publicar um livro, com o resultado do seu
trabalho. O livro irá procurar um pouco a história, já que refere
que cerca de ¾ acaba por ter raízes semelhantes.
A ideia é completar o trabalho
publicável até ao fim do ano. Um trabalho que tem imenso prazer em
fazer. A obra final poderá ter um suporte de papel, um livro
tradicional, e ainda em, CD.
Jorge Veiga França utiliza fortemente
a Internet. Tanto para consultas como o e-mail. Não é capaz de
viver sem os computadores as ligações ao mundo chamado virtual, mas
que hoje em dia já bem real.
Por gostar muito de marketing, consulta
muita informação na internet, e igualmente para a genealogia.
O tempo médio de trabalho diário anda
pelo mínimo de nove/dez horas.
BI
Nome: Jorge Manuel Monteiro da Veiga
França
Naturalidade: Monte, Funchal, Madeira
Data de nascimento: 1957-01-13
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